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Mercado para máquinas usadas ganha espaço

Publicado em 02/10/2017

Setor já conta com serviço de compartilhamento e aluguel de maquinários agrícolas

Fonte: Jornal do Comércio – Thiago Copetti

Juros elevados e mais burocracia na concessão de financiamentos públicos, incertezas econômicas e políticas, e cotações de grãos em baixa são combustíveis que movimentam o mercado de máquinas agrícolas usadas e estimulam iniciativas de locação e compartilhamento. Com a necessidade de ampliar a produção para ter uma lucratividade maior, arrendando terras ou aumentando o espaço destinado a determinada cultura, mas sem condição de fazer um grande investimento, agricultores encontram alternativas no mercado de usados e na locação de máquinas/serviços.

Ainda que seja um setor carente de estatísticas, o mercado de segunda mão tem no aporte oficial, via Moderfrota, um bom termômetro de como o setor está aquecido: o volume de recurso desembolsados no ano safra 2016/2017 (julho/junho) no Moderfrota usados chegou a R$ 82 milhões, quase o mesmo dos últimos cinco anos somados (R$ 88 milhões), e cerca de 330% acima do registrado no ano safra anterior.

Diretor do 9º Simpósio SAE Brasil de Máquinas Agrícolas, realizado em agosto, em Porto Alegre, o engenheiro Daniel Zacher diz que o ideal é que o produtor priorize a aquisição de equipamentos novos, mas reconhece a força do segmento de usados principalmente no Sul e no Sudeste. Se, em alguns casos, nem mesmo a compra de uma máquina usada é viável; em outras oportunidades, compartilhamento pode ser uma alternativa econômica interessante. Mas o desafio é conseguir com que não haja choque na questão da disponibilidade de máquina.

"O produtor deseja ter a máquina disponível nas janelas de plantio e colheita ideais de sua região, mas como viabilizar isso existindo competição pelo mesmo recurso?", questiona Zacher, avaliando que, solucionada a questão, o compartilhamento pode ser uma alternativa.

Sobre o mercado de locação, o executivo avalia que o melhor formato é com contratos estabelecidos a longo prazo, de forma a garantir a disponibilidade de equipamentos no momento ideal, e operados no modelo de barter (pagamento do serviço indexado a commodities, como, por exemplo, sacas de soja). "Acredito que possa surgir oportunidade de uma espécie de Uber de máquinas agrícolas se a oferta de equipamentos for maior que a demanda", avaliou Zacher.

Pedro Bastos, presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas da Associação Brasileira da Indústrias de Maquinas e Implemento (Abimaq), como outros representantes da indústria, recomenda a compra de máquinas novas, mas reconhece que há um fator, atualmente, que dá mais segurança à compra de usados. "Começa a chegar ao mercado de usados, máquinas com mais tecnologia, como motores que geram dados automaticamente para um sistema em nuvem de dados. Isso dá mais segurança ao comprador sobre a qualidade do que está adquirindo", diz Bastos.

Jean Carlos de Freitas, supervisor de serviços da fabricante Case IH para o Brasil, também destaca a tecnologia das máquinas que começa a chegar ao mercado como uma novidade no segmento. Na Case, o destaque neste sistemas de geração e armazenamento de dados responde pelo nome de "osciloscopia", segundo Freitas. O sistema permite que o produtor tenha acesso a dados importantes, como de uso e situação do motor, sem necessidade de desmonte. O sistema gera dados automaticamente, o que permite avaliar a necessidade de manutenção, e até mesmo indica o risco de a máquina precisar parar em um tempo estimado previamente.

Empresário desenvolve site para equipamentos de segunda mão e estabelece tabela de preços

Um bom retrato dessa tendência de valorização do mercado de usados no agronegócio está no empresário Marcelo Kozar, idealizador do site Via Máquinas, que reúne cerca de 60 empresas (que somam em torno de 300 lojas físicas). Aceito pela maioria das concessionárias e revendas do setor como parte do pagamento de uma máquina nova, o produto de segunda mão acabou se valorizando como alternativa de expansão e modernização para diferentes produtores.

"Esse mercado sempre existiu, mas, no primeiro semestre deste ano, por exemplo, crescemos 45% sobre o mesmo período do ano passado. Acima da nossa média anual, desde 2011, de 30%." O empresário estima que 60% dos negócios que envolvem a compra de uma nova máquina agrícola têm como parte do pagamento um equipamento mais antigo. E é essa renovação do parque de máquinas do agronegócio que alimenta a Via Máquina, site de leilões especializado no segmento e que comercializa em torno de 200 unidades usadas por mês. O negócio, que em 2012 gerou R$ 2,5 milhões em faturamento, deve render R$ 18 milhões neste ano, diz o idealizador do site.

Em 1989, o empresário atuava na área de remarketing de um grande fabricante, e o setor era responsável por recuperar e revender máquinas tomadas de agricultores inadimplentes. Com a crise de 2004 e 2005, cerca de 150 máquinas precisavam ser resgatadas por falta de pagamento anualmente, e esse número chegou a 2 mil unidades. "Saí em 2011 da empresa e abri a Via Máquina. Mas senti necessidade de ter alguma referência de preço, a exemplo da tabela Fipe, para veículos automotores, e acabei criando o Via Consult, que hoje tem médias de preços de máquinas agrícolas por estado."

Mineiro cria o "Uber" do agronegócio

Criado há pouco mais de um ano, a Alluagro, de Uberlândia, funciona como uma espécie de Uber das máquinas. Por meio do aplicativo, o produtor pode ofertar ou alugar máquinas de qualquer parte da cadeia produtiva, do preparo do solo até o transporte para escoar a produção: um arado, um trator, uma colheitadeira ou até um caminhão. A ideia do aplicativo é, ao mesmo tempo, minimizar a ociosidade dos equipamentos e facilitar a vinda do produtor que não tem como fazer grandes investimentos no momento necessário.

O preço médio de colheitadeira zero quilometro, por exemplo, gira em torno de R$ 1 milhão. “Há máquinas que custam milhões e só são usadas no período da colheita. É como ter um Mercedes parado na garagem e só usar duas vezes no ano" explica Marco Aurélio Chaves, sócio da Alluagro, que já tem mais de 600 máquinas cadastradas e fica com uma margem de 5% a 7% da transação. - Jornal do Comércio.

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