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Crise econômica reduz competitividade das empresas brasileiras

Publicado em 20/01/2017

Estudo da CNI mostra que, em 2016, o Brasil perdeu terreno em áreas importantes como disponibilidade e custo da mão de obra, ambiente macroeconômico e tecnologia e inovação

Fonte: CNI

A crise econômica diminuiu ainda mais a competitividade brasileira. Em 2016, o país retrocedeu em quatro dos nove fatores que determinam a capacidade de as empresas vencerem os concorrentes na disputa por mercados. Na comparação com outros 17 países, o Brasil perdeu terreno de 2015 para 2016 nos fatores disponibilidade e custo da mão de obra, ambiente macroeconômico, competição e escala do mercado doméstico e tecnologia e inovação. Só avançou no fator educação. Com esse desempenho, está em penúltimo lugar, à frente apenas da Argentina, no ranking de competitividade 2016. No topo da lista está o Canadá, seguido por Coreia do Sul e Austrália, informa o estudo anual feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O Brasil se mantém em penúltimo lugar desde 2012, quando o ranking geral da competitividade começou a ser feito, observa o gerente-executivo de Pesquisas da CNI, Renato da Fonseca. "O Brasil precisa valorizar a competitividade se quiser sobreviver no mundo globalizado", avalia Fonseca. Para ter melhores condições de competir com os demais países, acrescenta o economista, o Brasil deve ampliar os investimentos e aumentar a eficiência na aplicação de recursos públicos e privados  em áreas que aumentem a produtividade, como educação, inovação e infraestrutura.

O ranking mostra a posição do Brasil em relação aos 17 países de economias similares: África do Sul, Argentina, Austrália, Canadá, Chile, China, Colômbia, Coreia do Sul, Espanha, Índia, Indonésia, México, Peru, Polônia, Rússia, Tailândia e Turquia. Os países são avaliados em nove fatores e 20 subfatores que afetam a eficiência e o desempenho das empresas na conquista de mercados. Os nove fatores que têm impacto na competitividade considerados pela CNI são: disponibilidade e custo de mão de obra, disponibilidade e custo de capital, infraestrutura e logística, peso dos tributos, ambiente macroeconômico, competição e escala do mercado doméstico, ambiente de negócios, educação e tecnologia e inovação.

ESALENTO E PRODUTIVIDADE - De acordo com o estudo, o Brasil caiu da 5ª posição em 2015 para a 11ª colocação em 2016 no fator disponibilidade e custo da mão de obra. Isso ocorreu especialmente porque, com o aumento do desemprego, a população economicamente ativa diminuiu, pois, desanimadas com a crise, muitas pessoas desistiram de procurar emprego. Além disso, o país tem prejuízos com a baixa produtividade no trabalho e o elevado custo da mão de obra. O país mais competitivo no fator disponibilidade e custo da mão de obra é a Indonésia. O pior colocado é a Espanha.

No fator ambiente macroeconômico, o Brasil recuou duas posições. Saiu da 15ª colocação em 2015 para a 17º em 2016. "Com inflação, dívida bruta e carga de juros elevadas e baixa taxa de investimentos, o Brasil está na penúltima posição entre os 18 países avaliados, à frente da Argentina", diz o estudo da CNI. Neste fator, o primeiro lugar do ranking é da China, o segundo, da Indonésia, e o terceiro, da Coreia do Sul. O Chile aparece em quarto lugar e é o país latino-americano que tem o melhor ambiente macroeconômico.

MERCADO DOMÉSTICO - O Brasil também perdeu duas posições no fator competição e escala do mercado doméstico. Caiu da 10ª posição em 2015 para a 12º em 2016. O primeiro lugar deste ranking ficou com a China, seguida da Espanha. Conforme o estudo, o recuo do Brasil no fator é resultado do encolhimento do mercado doméstico, porque,  com a crise econômica, o consumo diminuiu.

Além disso, o país convive com baixa concorrência no mercado doméstico e impõe elevadas barreiras tarifárias aos produtos estrangeiros. "O Brasil apresentou a segunda maior alíquota alfandegária média aplicada sobre as importações de bens, de 11,5%, atrás da Índia, cuja alíquota foi de 13%", informa o estudo. Na Coréia do Sul, a alíquota média é de 7,08%. Na Espanha e na Polônia, é de apenas 1,04%. 

O ranking mostra ainda que o Brasil caiu da nova posição em 2015 para a 11ª em 2016 no fator tecnologia e inovação. O primeiro lugar ficou com a Coreia do Sul e, o segundo, com a China. O Chile está na última posição da lista neste fator. A perda de duas posições do Brasil  é resultado da redução dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e inovação e da capacidade de inovar das empresas brasileiras. "O setor privado no Brasil reduziu os gastos em P&D de 0,51% em 2013 para 0,42% em 2014 (ano de referência do ranking 2016).", afirma o estudo. No mesmo período, observa a CNI, Argentina, Chile e Colômbia também reduziram os gastos, enquanto que as empresas de  China, Polônia, Coreia do Sul, Rússia, Turquia e Tailândia aumentaram os investimentos em pesquisa e desenvolvimento.

GASTOS COM EDUCAÇÃO - A melhor posição obtida pelo Brasil em 2016 foi no fator educação. O país ficou em nono lugar na lista deste quesito. "O resultado deve-se, sobretudo, ao bom desempenho do país na variável gastos com educação", analisa o estudo. "No ranking de 2016, o volume de recursos destinados à educação no Brasil representou 6,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014, menor apenas que o observado na África do Sul (7,3%)."

No entanto, o país ainda está muito atrás dos principais competidores no quesito qualidade da educação. "Com relação à qualidade da educação básica, refletida nas avaliações do programa internacional de avaliação dos estudantes, o PISA 2015, o Brasil está na 12º posição entre 14 países", afirma a CNI. Na avaliação de matemática, o Brasil está em último lugar. Em ciências, só o Peru teve desempenho pior do que o do Brasil e, em leitura, os estudantes brasileiros estão em 12º lugar, à frente apenas da Indonésia e do Peru.

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