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Apreendendo e ensinando sustentabilidade nos museus.

Publicado em 14/11/2019

Guardiões do melhor que os homens são capazes de produzir, os museus são pontes entre “realidades” possíveis, são articulações perenes entre pensamentos, sentimentos e sonhos. Mas, os museus podem, também, ser o caminho para a sustentabilidade no mundo que tanto sofre nas mãos dos próprios homens.


Quando se fala em museu, pelo menos em círculos gerais, tem-se a impressão que estes sempre existiram e que são depósitos de “coisas” velhas ou antigas que não servem mais para o uso ou que as pessoas deixaram de apreciar, ficando lá depositadas por falta de outras opções onde há visitas de pessoas que gostam de recordar o passado. 

Os museus até cumprem a função considerada no parágrafo precedente, mas, mais tecnicamente considerando, os museus nem sempre existiram e são, relativamente, recentes na história da humanidade. É apenas em 6 de junho de 1683, na Inglaterra, especificamente, em Oxford, que surge o primeiro museu público do mundo com as coleções de Elias Ashmole (1617-1692) que tiveram origem, em grande parte, na “Arca Tradescant”.


Na “Arca Tradescant” se encontravam plantas e raridades exóticas trazidas do mundo todo em decorrência das viagens intercontinentais que os Tradescant realizaram. John Tradescant (1570-1638) pai (“o Velho”) e John Tradescant (1608-1662) filho (“o Jovem”) eram ambos botânicos, jardineiros e colecionadores.

 

Verdadeiros “caçadores” de plantas os Tradescant foram os precursores da jardinagem nas Ilhas Britânicas. Homens de determinação incrível e colecionadores por paixão os Tradescant foram os primeiros naturalistas ingleses que se aventuraram por terras distantes para conhecer e trazer plantas exóticas.

 

Além das plantas especiais inúmeros objetos raros e bizarros fizeram a fama do Velho Tradescant de forma que na sua época tudo que podia ser considerado curioso ou diferente só poderia ter sido retirado da “Arca Tradescant”. O Jovem Tradescant seguiu seu pai como colecionador e foi, também, jardineiro real; ampliando sobremaneira a coleção dos Tradescant. 

Depois da morte do Jovem Tradescant o britânico Elias Ashmole adquiriu a coleção dos Tradescant e reuniu tudo no que se chamou o Núcleo de Ashmolean o qual posteriormente doou para a Universidade de Oxford.

 

Hoje o Museu Ashmole (Ashmolean Museum) é uma das mais conceituadas Instituições Museológicas do mundo com foco na Arte e na Arqueologia e continua sendo administrado pela Universidade de Oxford. 

A despeito da Arca Tradescant, atualmente, o termo “museu” é utilizado para designar os locais onde são conservadas coleções de objetos de Arte ou Ciências para preservação e apresentação ao público. Em Alexandria, o vocábulo “museu” foi utilizado para designar o local onde se realizavam os estudos das Artes e das Ciências. 

No Brasil, há registro que o primeiro Museu data de 1862, quando foi criado, em Pernambuco, o Museu do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP). Com mais de 150 anos de história o IAHGP é o Instituto Histórico Estadual mais antigo do Brasil e constitui-se em referencial nacional e internacional. 

Entendendo os museus como pontes entre mundos possíveis, como articulações entre pensamentos e sentimentos, como os guardiões das riquezas intelectuais criadas pelos homens e como os expositores de consequências possíveis daquelas criações os museus bem podem ser tomados como agentes de sustentabilidade histórica de uma Nação.

 

No sentido em questão não se está pensando, exclusivamente, nos museus como um centro de educação ambiental tal qual, por exemplo, o Museu Aberto da Sustentabilidade (MAS) inaugurado em 2009 na Praça Victor Civita em São Paulo que tem por objetivo repensar o posicionamento do cidadão frente às necessidades ambientais, pondo em exposição o trabalho de recuperação da área revitalizada a qual antes foi degradada fortemente pelo incinerador e suas atividades que no local existiam. Não se faz referência apenas a dar ênfase ao trabalho de reciclagem que se possa realizar por meio de exposições como o MAS o faz sistematicamente.

 

Também não se está a pensar apenas na série de medidas sustentáveis a serem aplicadas na arquitetura dos edifícios que abrigam propriamente os museus já que é condição básica que os museus atendam prioritariamente conceitos de sustentabilidades nas suas concepções. Mesmo porque orientações de sustentabilidade devem sempre pautar, necessariamente, a construção tanto dos museus quanto de quaisquer outros prédios públicos.


O que se propõe é que os museus sejam tomados, também, como locais onde se possa
buscar o entendimento sobre a sustentabilidade para o futuro da humanidade com viés no desenvolvimento histórico.

 

As exposições nos museus passariam a ser aliadas da sustentabilidade mostrando como foi possível maximizar ao longo da história a eficiência e eficácia dos produtos por meio do desenvolvimento da inteligência e assim perspectivar possibilidades outras de desenvolvimento com menos gastos energéticos, menor quantidade de insumos, menos trabalhadores, enfim, pautando-se na ideia de produzir mais com menos.

 

Os museus deveriam ser transferidores de conhecimento para as gerações futuras e não apenas um expositor daquilo que nós os humanos criamos ao longo dos séculos e milênios. Os museus poderiam ser ambientes mais amigáveis e constantemente renováveis que partindo da concepção de que nossos filhos não podem ter menos que hoje temos ensinariam, também, as atuais gerações como garantir o futuro das próximas gerações.

 

Entendendo os museus como equipamentos culturais de elevada importância com funções sociais diversas associadas à conservação e divulgação da cultura e dos bens patrimoniais de uma Nação estes poderiam disseminar as várias faces da sustentabilidade transferindo os correspondentes conhecimentos implícita ou explicitamente por intermédio das exposições para seus visitantes que mediante instruções associadas realizariam as necessárias introspecções.

 

Os museus, enquanto instituições dedicadas à preservação patrimonial, interessados em mostrar historicamente os problemas vividos pelas sociedades, mostrariam aos seus visitantes as necessitadas da sustentabilidade para o bem de todos em todos os futuros possíveis.

 

Que os museus permaneçam sempre lotados e possam ser a porta para disseminação das diversas e distintas concepções de sustentabilidade. Que ao contar a história da humanidade por meio de suas exposições ao público os museus possam ensinar a este mesmo público a necessidade da sustentabilidade para um mundo melhor onde nossos descendentes tenham não menos que hoje desfrutamos.

 

 

* Artigo escrito por Carlos Magno Corrêa Dias, conselheiro sênior do Conselho Paranaense de Cidadania Empresarial (CPCE) do Sistema Fiep, conselheiro efetivo do Conselho das Mil Cabeças da CNTU, líder/fundador do Grupo de Pesquisa em Desenvolvimento Tecnológico e Científico em Engenharia e na Indústria (GPDTCEI), líder/fundador do Grupo de Pesquisa em Lógica e Filosofia da Ciência (GPLFC), personalidade empreendedora do Estado do Paraná pela Assembleia Legislativa do Estado do Paraná (Alep).

 

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