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Acordo abre mercado de carne bovina in natura para o Paraná

Publicado em 08/08/2016

frigorificos

O acordo firmado quinta-feira (28), em Washington, entre o Brasil e os Estados Unidos para a liberação da entrada de carne bovina in natura brasileira no mercado americano vai beneficiar o Paraná. O acesso a um mercado de peso, como o americano, promete impulsionar ainda mais as exportações do setor no Estado, que já vêm em ritmo acelerado nesse ano. 

De janeiro a junho de 2016, o Paraná já exportou 17.414 toneladas de carne bovina, 124% mais do que o volume registrado no mesmo período do ano passado (7.768 toneladas). 

Segundo o diretor-presidente da Adapar (Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), Inácio Afonso Kroetz, o acordo é importante porque os Estados Unidos são uma vitrine quando se trata de avaliar condições sanitárias e serve de referência para outros mercados. “Para o Paraná representa a chance de elevar as exportações para mercados que pagam mais pela carne. Trata-se de um certificado de que a carne brasileira segue padrões sanitários confiáveis”, afirmou.

A entrada da carne bovina brasileira in natura nos EUA coloca fim a uma negociação que se arrastava desde 1999 e promete gerar exportações de US$ 900 milhões para o Brasil, de acordo com projeção do Ministério da Agricultura e do Abastecimento. “A imagem do Brasil em relação à sanidade melhorou muito nos últimos anos. Além disso, há quatro anos e meio não há registros de aftosa nas Américas”, lembra o presidente da Adapar. 

Em nota, o Ministério da Agricultura informou que a expectativa é que os embarques se iniciem dentro de 90 dias. A modalidade de habilitação será por "pré-listing", isto é, os governos brasileiro e americano poderão indicar a lista de estabelecimentos para a exportação. 

FIM DO EMBARGO - Em julho do ano passado, os Estados Unidos já haviam anunciado o fim do embargo à carne bovina in natura do Brasil, beneficiando 13 Estados mais o Distrito Federal, incluindo o Paraná. A medida abriu as portas para a exportação de carne fresca ou congelada para os americanos, mas ainda dependia de um acordo comercial para que as exportações pudessem deslanchar. 

COTA - O acordo firmado é bilateral. Com ele, os EUA passam a importar carne bovina in natura também de estados onde o gado é vacinado contra febre aftosa, como é o caso do Paraná. Ao mesmo tempo, o Brasil vai importar carne dos EUA, que registrou casos de vaca-louca nos últimos anos. 

O Brasil vai exportar carne fresca, principalmente cortes dianteiros, e vai importar cortes traseiros, considerados premium. O país poderá participar de uma cota que prevê o envio de até 65 mil toneladas de carne in natura para os EUA. Ainda não há estimativa sobre a participação do Paraná nesse volume. 

Até então, o Brasil exportava apenas carne bovina industrializada para os EUA, com vendas de US$ 286,8 milhões em 2015, de acordo com o Ministério. 

“O Brasil poderá exportar carne fresca ou refrigerada, com foco em cortes dianteiros, usados para a produção de hambúrguer, e, portanto, com preços mais elevados”, explica Kroetz. “O Paraná tem hoje frigoríficos habilitados e com condição para exportar para os EUA. Mas a medida beneficia a todos, porque mesmo aquele frigorífico que não exporta para os americanos pode vir a enviar para outros mercados”, diz. 

SEGURANÇA - Kroetz reforça que o Estado vem se preparando há cerca de quatro anos para conquistar mercados mais cobiçados como o norte-americano para a carne bovina. O governo do Paraná investiu na criação da Adapar, que está recebendo apoios em equipamentos, infra-estrutura e de pessoal qualificado para garantir a sanidade agropecuária dos produtos agropecuários paranaenses, seja para o mercado doméstico, seja para exportação. “A medida é para comemorar porque fortalece toda cadeia da carne, desde o produtor, indústria e comércio paranaenses e o Estado ganha em divisas e geração de empregos com a conquista de novos mercados”, disse Kroetz. 

BOX 

O fim de embargos, investimentos em sanidade animal e o dólar mais favorável impulsionaram as exportações do setor em 2016.

De janeiro a junho de 2016, o Paraná já exportou 17.414 toneladas de carne bovina, 124% mais do que os 7.768 toneladas registrados no mesmo período do ano passado, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento. A título de comparação, o volume é quase o exportado durante o ano de 2012 inteiro, que totalizou 18.453 toneladas. 

Em receita, a alta acumulada no ano é de 137%; passou de US$ 24,6 milhões no primeiro semestre de 2015 para US$ 58,5 milhões no mesmo período em 2016. 

Nos últimos dois anos, pelo menos 15 países derrubaram embargos à carne bovina brasileira, beneficiando também o Paraná, de acordo com Inácio Afonso Kroetz.

No ano passado, as exportações do Paraná representaram 1,7% no volume e 1,3% no faturamento das exportações brasileiras. O Paraná exportou 23.720 toneladas de carne bovina, com um faturamento de US$ 77,5 milhões. E o Brasil exportou 1,36 milhão de toneladas, com um faturamento de US$ 5,8 bilhões.

Neste ano, até o mês de junho, a participação do Paraná foi de 2,4% em volume e 2,1% no faturamento. “Com os investimentos em sanidade agropecuária, oficiais e privados, essa participação do Paraná no quadro de exportações brasileiras de proteína animal tende a melhorar ainda mais”, prevê Kroetz.

Para ele, no entanto, a disputa pelos mercados consumidores vai além, na atualidade, da questão sanitária. Boas práticas trabalhistas, de gestão ambiental e de tratamento de resíduos pesam cada vez mais na escolha de fornecedores.

Com informações de Agência de Notícias do Paraná

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