Blog

Observatórios

Acompanhe nas redes sociais:
  • Twitter
  • Facebook
  • Youtube

Reduzir confinamento pode ajudar a combater crise na pecuária brasileira

Publicado em 10/07/2017

A redução do confinamento bovino deve “enxugar”  a oferta de carne no mercado, assim como um possível aumento na exportação de animais também provocaria uma redução na oferta interna de carne. Essa é a opinião do presidente do Conselho de Administração da Associação Nacional da Pecuária Intensiva (Assocon), Alberto Pessina, a respeito dos benefícios primários relacionados à diminuição do confinamento como solução paliativa para a atual crise no setor pecuário brasileiro.

Com o cenário desgastado nos últimos 18 meses, que vão desde a fragilidade da demanda interna, a desvalorização do real no final de 2016, o encarecimento dos insumos, ao aumento da oferta, à Operação Carne Fraca, à volta da cobrança do Funrural, à delação dos executivos da JBS, até a recente suspensão das importações de carne in natura pelos Estados Unidos, a pecuária nacional se viu “atolada em uma avalanche de problemas”, enumera o executivo, em entrevista à equipe SNA/SP.

Segundo Pessina, além disso, com escalas de abate relativamente longas em todo o país, especialmente considerando os frigoríficos de menor porte, não há no horizonte uma perspectiva de redução na oferta, que possa aliviar a pressão nos preços.

De acordo com ele, é preciso entender que a demanda tem um peso maior na formação de preços do que a oferta: “Se considerarmos o cenário atual, também estamos tendo uma pressão de queda na demanda (por carne bovina), principalmente no mercado interno. Por este motivo, uma redução de oferta em um cenário de retração de demanda, possibilita uma menor reação nos preços do que um cenário com forte demanda”.

PRESSÃO DOS PREÇOS DO BOI GORDO

Para Pessina, a pressão dos preços do boi gordo impacta diretamente na margem de lucro do pecuarista, pois representa 100% da receita da engorda. Isso é diferente de uma redução nos custos da ração, que impactam apenas 25% da margem, ou de uma redução dos preços no boi margo, que tem um impacto de 60%.

“Por esse motivo, a queda nos preços das vendas é muito mais impactante na margem de lucro do produtor do que uma queda no preço dos insumos”, enfatiza o executivo, acrescentando que o governo federal precisa, urgentemente, tomar medidas para socorrer a produção e aliviar as pressões nos produtores, “que há dois anos já vêm sofrendo os efeitos da queda na demanda e do aumento nos custos”.

“Cerceado no mercado internacional por barreiras não alfandegárias, com dificuldades de credibilidade do elo industrial, acrescido da redução do poder de compra da população, a cadeia produtiva da carne entrou em desequilíbrio, com oferta maior do que a demanda”, afirma o diretor técnico da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) Alberto Werneck de Figueiredo, secretário Municipal de Agricultura de Resende (RJ).

Segundo ele, como o boi não é uma mercadoria que possa ser deixada na prateleira indefinidamente, porque é um ser vivo que tem momento certo para o abate econômico, há uma retração nos valores de comercialização do boi gordo. Isso faz com que os criadores precisem parar de repor os respectivos estoques de bezerros, provocando nos produtores dos respectivos bezerros também um represamento, cuja solução única é o abate de matrizes.

“Esse abate amplia a oferta de animais no mercado já combalido, agravando ainda mais a crise”, diz Figueiredo.

Diretor da Federação de Agricultura do Mato Grosso (Famato) e presidente do Sindicato Rural de Juína, em Mato Grosso, José Lino Rodrigues destaca que, na categoria dos machos, cerca de 60% dos animais estão represados na região, mas nas fêmeas, esse percentual é superior.

“Não temos para quem vender. Em Mato Grosso do Sul, há uma grande concentração da JBS e poucos têm coragem de entregar no prazo. Os animais estão passando de 22 arrobas e começamos a ser remunerados com preço de vaca. Alguns produtores estão vendendo animais de 17 arrobas para terminar no confinamento, mas as opções são restritas”, relata Rodrigues.

Leia reportagem na íntegra aqui.

Fonte: SNA

Av. Comendador Franco, 1341 - Jardim Botânico - 80215-090
Fone: 41 3271 7900
Fax: 41 3271 7647
observatorios@fiepr.org.br
  • Twitter
  • Facebook
  • Youtube