Publicado em 28/05/2014
Fonte: Cleide Silva, para O Estado de S. Paulo
Com um mercado que não reage, apesar das várias promoções feitas pelas marcas nas últimas semanas, fabricantes de veículos estão ampliando programas de demissão voluntária e férias coletivas. A Ford abriu nesta semana um plano de saídas incentivadas na fábrica de motores em Taubaté e a General Motors adotou a medida nas unidades de São Caetano do Sul e de São José dos Campos, as três no Estado de São Paulo.
As empresas não divulgam metas, mas, no caso da fábrica da GM em São Caetano, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Aparecido Inácio da Silva fala em cerca de 200 excedentes. Na Ford, esse é o segundo PDV no ano. A Mercedes-Benz, de São Bernardo do Campo, está com programa aberto desde abril com intenção de reduzir o quadro em 2 mil pessoas.
Férias coletivas
Várias montadoras que deram férias coletivas e lay-off (suspensão temporária de contratos de trabalho) neste ano também definiram novos períodos de dispensas para junho. Cálculo preliminar aponta que pelo menos 24 mil trabalhadores ficarão em casa entre junho e início de julho.
No grupo que anunciou novos períodos de férias coletivas estão Renault (4 mil funcionários, sendo um grupo de 9 a 30 de junho e outro de 11 a 24), PSA Peugeot Citroën (2 mil funcionários em Porto Real (RJ), de 18 de junho a 7 de julho), MAN Latin América (3 mil funcionários em Resende (RJ), de 16 de junho a 7 de julho) e Ford (1,4 mil trabalhadores de Taubaté (SP), de 9 a 27 de junho).
Em nota, a Ford informa que as férias são "para ajuste dos estoques". Já a abertura do PDV é justificada pela "redução dos volumes para exportação de motores e da demanda do mercado doméstico".
A GM informa que "decidiu abrir um Programa de Demissão Voluntária para os empregados horistas das unidades industriais de São Caetano do Sul e São José dos Campos com o objetivo de adequar a produção à atual demanda do mercado."
Na semana passada, a produção da GM ficou parada por três dias nas duas fábricas paulistas em razão da falta de peças, especialmente eixos, fornecidos pela Benteler, de Campinas, onde funcionários fizeram greve por pagamento de Participação nos Lucros e Resultados (PLR). Por causa disso, a empresa deve divulgar nesta quarta-feira, 28, uma redução no período de férias previsto para junho nas duas unidades.
Pacote do governo
As montadoras esperavam medidas do governo federal que, embora prometidas, ainda não foram anunciadas. Uma delas seria para incentivar os bancos a liberarem mais crédito para o financiamento e outra para retomar mais significativamente as exportações para a Argentina, principal destino externo dos carros brasileiros.
Vendas
Até segunda-feira, as vendas em maio somam 226,8 mil veículos (incluindo caminhões e ônibus), uma queda de 6,3% em relação ao mesmo período de abril e 11,6% menor que as de maio do ano passado.
No ano, as vendas acumulam redução de 6,2% em relação a 2013, com um total de 1,332 milhão de unidades. De janeiro a abril, a produção já registrava queda de 12% em comparação a igual período do ano passado.
O diretor da consultoria ADK, Paulo Roberto Garbossa, acredita que, no máximo, as vendas neste mês vão empatar com as de abril (com um dia útil a menos), que somaram 293,2 mil unidades. "Em junho será ainda pior; com a Copa, ninguém vai entrar na loja para comprar carro."
Garbossa espera uma reação do mercado apenas a partir de julho. "Se isso não ocorrer, o governo precisará adotar alguma medida, do contrário será uma quebradeira geral."
Os fabricantes de autopeças também estão dando férias coletivas e adotando programas de lay-off, mas os números são mais pulverizados.
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