Blog

Observatórios

Acompanhe nas redes sociais:
  • Twitter
  • Facebook
  • Youtube

Cadastre-se

e receba nosso informativo

Barreiras comerciais são como drogas, alerta chefe da Bosch

Publicado em 24/06/2013

Bernd Bohr avalia que protecionismo e economia podem atrasar desenvolvimento tecnológico

Com a experiência de quem há 10 anos comanda a divisão de uma companhia que vive de fornecer inovações tecnológicas para os fabricantes de veículos, Bernd Bohr, chairman do grupo automotivo da Robert Bosch, avalia que “incentivar pesquisa e o desenvolvimento é sempre uma boa política”, mas ele teme que as medidas protecionistas contidas na política industrial brasileira desenhada para o setor automotivo, o Inovar-Auto, podem atrapalhar a evolução da indústria. “Barreiras comerciais são como drogas, foi esse o caso do Brasil há cerca de 20 anos”, alertou o executivo, em rápida conversa com Automotive Business, logo após sua apresentação na conferência de imprensa bianual da empresa, quando são apresentados a jornalistas do mundo todo alguns dos modernos sistemas que a Bosch desenvolve para vender às fabricantes de veículos.

Ao comparar drogas com protecionismo comercial, Bohr trouxe à tona um velho vício brasileiro – e de algumas outras nações também – de fechar o mercado com barreiras (como sobretaxações) sempre que a concorrência internacional aperta a indústria local. Normalmente, o preço desse tipo de política é o atraso tecnológico. “O Brasil já viveu isso, quando suas fronteiras estavam fechadas”, disse o executivo, que no fim deste mês deve se aposentar, conforme anunciou em março passado.

Bohr não soube responder se a Bosch precisará elevar investimentos no Brasil para atender as demandas geradas pelo Inovar-Auto, que prevê para as montadoras gastos mínimos obrigatórios em engenharia, pesquisa e desenvolvimento no próprio País. “Sempre fazemos investimentos e já temos uma grande equipe de desenvolvimento na unidade brasileira. Nossa estratégia é sermos locais para locais”, afirmou, em alusão à política da empresa de desenvolver e fabricar em cada país os sistemas para atender os fabricantes instalados.

Para atender às exigências de desenvolvimento local e aumento de eficiência energética contidas no Inovar-Auto, a Bosch já tem ampla gama de ofertas, como o módulo de injeção direta de gasolina (que no Brasil terá de ser adaptado para uso com etanol) e o start-stop, que desliga o carro automaticamente nas paradas e religa nas retomadas (como nos semáforos de trânsito, por exemplo). Na sua versão mais básica, o sistema é capaz de diminuir de 10% a 15% o consumo de combustível em uso urbano. A Bosch confirma que vai montar o start-stop na fábrica de Campinas (SP) e já existe uma montadora que vai introduzir o dispositivo em alguns carros feitos no País até o fim deste ano.

Bohr admite que a situação econômica mundial adversa pode atrasar a adoção de algumas tecnologias mais modernas desenvolvidas pela Bosch, como os sistemas de assistência ativa de frenagem e direção, capazes de identificar perigos e adotar medidas automáticas para evitar acidentes ou mitigar seus efeitos. “Claro que os fabricantes de veículos estão mais conservadores devido ao cenário de retração de consumo em diversos mercados mundiais”, diz.

Mas o executivo pondera que o custo desses sistemas evolui de forma mais lenta do que os avanços tecnológicos que eles trazem. “É preciso levar em consideração que há uma redução média de 10% por ano no preço de diversos dispositivos, como o ABS (antitravamento de rodas), que hoje custa menos de € 100 na Europa. Nos próximos 10 anos, o custo dos mais modernos equipamentos desenvolvidos agora deverá cair em cerca de um terço”, enfatiza.

Mesmo assim, Bohr reconhece que o momento não é dos melhores para a evolução tecnológica dos automóveis. “Em alguns casos o ambiente econômico desfavorável poderá atrasar em três a quatro anos a adoção de tecnologias, mas isso não é uma certeza, o cenário pode mudar e alguns dispositivos serão obrigatórios por lei ou por demanda dos consumidores”, diz. Ele cita o exemplo o Euro NCAP, entidade que testa e dá notas ao nível de segurança de carros vendidos na Europa, que a partir de 2014 só dará cinco estrelas a modelos equipados com pelo menos um sistema de monitoramento e alerta de possíveis acidentes, como radares, câmeras e sensores infravermelhos. “Nesses casos será mandatória introduzir as tecnologias de prevenção”, destaca.

Em seu discurso durante a conferência de imprensa, Bohr lembrou que o faturamento da divisão automotiva da Bosch somou € 31 bilhões em 2012 e a expectativa para este ano é de expansão das vendas globais de 3% a 5%. Ele ressaltou que a companhia baseia sua confiança no crescimento das operações nos próximos anos em dois vetores: presença global (95 fábricas e 50 centros de engenharia em todo o mundo) e inovação tecnológica. Sobre o primeiro fator, o executivo destacou o avanço dos mercados emergentes: “Nos últimos 10 anos foi triplicada a participação da China e da Índia na produção mundial de veículos, de 8% para 28%. Nesse período as vendas da Bosch em ambos os países cresceu mais de sete vezes, de € 900 milhões para € 7,4 bilhões.”

Também avançaram significativamente as vendas de sistemas tecnologicamente avançados desenvolvidos pela Bosch: “Dez anos atrás, 14% dos novos veículos eram equipados com o sistema de estabilidade eletrônica ESP. Hoje esse porcentual é de 54%. E para a injeção direta de gasolina, o número no período avançou de 2% para 22%”, destacou Bohr.

“Sob a luz de números como esses, quem poderá dizer que o desenvolvimento tecnológico atingiu seu limite? Muito pelo contrário, o ritmo desse processo continua a avançar, agora sob a forma de eletrificação do powertrain e automação da direção dos veículos”, afirmou. Para dar conta desse desafio tecnológico, Bohr lembrou que, dos 117 mil empregados Bosch em todo o mundo, 33,5 mil estão alocados em operações de pesquisa e desenvolvimento, sendo 19 mil deles na Europa, 2 mil nas Américas e 12,5 mil na Ásia.

Fonte: Pedro Kutney, Redação AB

Deixe seu coment�rio

Site Seu blog ou p�gina pessoal


1. Os sites do Sistema Fiep incentivam a pr�tica do debate respons�vel. S�o abertos a todo tipo de opini�o. Mas n�o aceitam ofensas. Ser�o deletados coment�rios contendo insulto, difama��o ou manifesta��es de �dio e preconceito;
2. S�o um espa�o para troca de id�ias, e todo leitor deve se sentir � vontade para expressar a sua. N�o ser�o tolerados ataques pessoais, amea�as, exposi��o da privacidade alheia, persegui��es (cyber-bullying) e qualquer outro tipo de constrangimento;
3. Incentivamos o leitor a tomar responsabilidade pelo teor de seus coment�rios e pelo impacto por ele causado; informa��es equivocadas devem ser corrigidas, e mal entendidos, desfeitos;
4. Defendemos discuss�es transparentes, mas os sites do Sistema Fiep n�o se disp�em a servir de plataforma de propaganda ou proselitismo, de qualquer natureza. e
5. Dos leitores, n�o se cobra que concordem, mas que respeitem e admitam diverg�ncias, que acreditamos pr�prias de qualquer debate de id�ias.

 Aceito receber comunica��o da Fiep e seus parceiros por e-mail
 
Av. Comendador Franco, 1341 - Jardim Botânico - 80215-090
Fone: 41 3271 7900
Fax: 41 3271 7647
observatorios@fiepr.org.br
  • Twitter
  • Facebook
  • Youtube