Publicado em 25/09/2012
Das vendas de soja do Brasil, entre janeiro e agosto, de US$ 15,6 bilhões, mais de 70% foram para os chineses, que também absorveram um quinto do petróleo exportado e pouco menos da metade do minério de ferro. O superávit do Brasil no comércio com a China equivale a mais da metade de todo o saldo comercial brasileiro no período, de US$ 13,17 bilhões.
As exportações de minério de ferro para a China cresceram de forma ininterrupta de 2000 a 2009, quando chegaram a representar 53% do total exportado. Desde então, a parcela chinesa caiu, mas ainda tem oscilado acima de 46%.A retração das exportações de commodities, como minério de ferro, à China, neste ano, foi insuficiente para reverter a crescente dependência do Brasil em relação ao mercado chinês, indica levantamento feito pela Associação de Comércio Exterior do Brasil. Entre janeiro e agosto, mais de 70% das vendas de US$ 15,6 bilhões em soja do Brasil foram para os chineses, que também absorveram um quinto dos US$ 14 bilhões de petróleo brasileiro exportado e pouco menos da metade das exportações de US$ 20,5 bilhões em minério de ferro.
Isoladamente, o superávit do Brasil no comércio com a China, de US$ 6,98 bilhões equivale a mais
da metade de todo o saldo comercial brasileiro no período.
Os dados sobre o comércio exterior mostram crescimento
constante da fatia da China nas exportações brasileiras de soja, desde o ano 2000, quando representavam pouco
mais de 15% do total das vendas desse produto.
A decisão do governo dos Estados Unidos de buscar fontes mais confiáveis de abastecimento fora do Oriente Médio fez com que os americanos assumissem um papel mais relevante como mercado para o óleo brasileiro, e a China passasse a absorver quantidades menores, caindo em participação, que, no entanto, ainda é expressiva: os chineses, que chegaram a comprar um quarto do petróleo exportado pelo Brasil em 2010, neste ano compraram, ainda, pouco mais de 20%. Para o governo, o peso da China no comércio exterior brasileiro reflete a maior presença internacional do país asiático.
"A participação chinesa é elevada nesse momento; evidentemente não convém a nenhum país no mundo a concentração elevada em um único parceiro", reconhece a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, que, no entanto, não considera "especialmente preocupante" o peso chinês sobre a pauta de exportações. O que se vê no Brasil se repete em outros países e reflete o papel cada vez maior da China no comércio global, argumenta. Tatiana diz que o governo vem acompanhando com atenção a evolução do comércio com os chineses e comenta que o impacto da retração chinesa - assim como a desaceleração em mercados da Europa - seria maior se o Brasil não tivesse buscado diversificar exportações e mercados.
Por Sergio Leo/ Valor Econômico
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