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Tecnologia é razão principal dos avanços do agronegócio brasileiro, dizem especialistas

Publicado em 06/04/2017

Pesquisa, esforço com profissionais capacitados e expansão de mercado são os principais ingredientes de sucesso do agronegócio brasileiro. E a tecnologia é a razão principal dos avanços desse setor. A afirmação é do ex-ministro Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e membro da Academia Nacional de Agricultura da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).

clique para ampliar“Se a produtividade brasileira se mantivesse nos mesmos patamares de 1990, ao invés dos 60 milhões de hectares, precisaríamos abrir mais 86 milhões de hectares, que é a área que preservamos, graças o uso de tecnologia”, ressalta o ex-ministro Roberto Rodrigues. (Foto: Adriana Ranalli/Divulgação GAF)

Tecnologia no campo foi o foco dos debates durante o 1º GAF Talks, realizado na quarta-feira, 29 de março, em São Paulo. O evento faz parte do projeto do Global Agribusiness Forum (GAF), encontro que reúne políticos e lideranças do agro para debater o momento atual do país e apontar as tendências da agropecuária nacional.

Para reforçar a importância da utilização das inovações tecnológicas no meio rural, Rodrigues lembrou que, de 1990 a 2017, a área plantada com grãos cresceu 58%, enquanto a produção aumentou 285%.

“Se a produtividade brasileira se mantivesse nos mesmos patamares de 1990, ao invés dos 60 milhões de hectares, precisaríamos abrir mais 86 milhões de hectares, que é a área que preservamos, graças o uso de tecnologia”, ressaltou o ex-ministro, que também é embaixador especial da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) para o cooperativismo mundial.

Para o representante da FAO no Brasil, Alan Bojanic, o Big Data é a ferramenta do futuro, que vai contribuir para o aumento de produtividade na agricultura: “O uso de novas tecnologias é fundamental para o aumento esperado de produtividade”.

Ao debater o tema “Big Data na Agricultura”, ele disse que não é possível falar sobre agricultura de precisão sem mencionar essa tecnologia, que apresenta um grande volume de dados armazenados, que impactam os negócios no dia a dia.

INVESTIMENTO EM PESQUISAS

CEO mundial da Monsanto (norte-americana), Hugh Grant informou que a aquisição da empresa pela Bayer (alemã) deve ser concluída ainda neste ano. “Com o fechamento do negócio, as pesquisas em inovação serão aceleradas”, anunciou o executivo.

De acordo com ele, após a concretização do negócio com a Bayer, os investimentos anuais em pesquisas e desenvolvimento da Monsanto saltarão de US$ 1,5 bilhão para US$ 2,5 bilhões, somando o valor atual de US$ 1 bilhão investido pela companhia alemã.

Para o CEO da Monsanto nos EUA, o maior desafio da agricultura é dobrar a produção de alimentos, usando a área atual disponível para o cultivo.

“Problemas globais relacionados ao solo e ao clima exigem soluções globais, porém, com nível de solução regionalizada, como a tecnologia Intacta, desenvolvida e lançada no Brasil e para o Brasil”, destacou.

Em coletiva de imprensa, o presidente da Monsanto para América Latina, Rodrigo Santos, informou que a empresa está testando uma terceira geração de soja, aprovada pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), que sucederá a Intacta.

“Vamos lançar no país a terceira geração de soja, pós-Intacta, que ainda não tem um nome comercial. Em fase de testes no Brasil, a tecnologia amplia o controle de lagartas, por abranger as lagartas Spodoptera, e tem dois modos de ação para herbicidas, além de alto potencial produtivo”, relatou.

De acordo com Santos, por causa de sua agricultura tropical, o Brasil tem até nove ciclos de lagartas, o que é uma pressão de seleção muito alta: “A adoção de práticas agrícolas – como refúgio, vazio sanitário, rotação de culturas, plantio direto – é fundamental. No entanto, uma tecnologia não é a solução, tem de haver manejo integrado de pragas”.

GARGALOS DA LOGÍSTICA E TRANSPORTE

Embora a tecnologia seja fundamental para melhor a produtividade, o Brasil ainda enfrenta problemas antigos, como os gargalos nas áreas de logística e transporte. Para que o setor tenha um crescimento contínuo, é preciso melhorar a infraestrutura do país, segundo o ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) e membro da Academia Nacional de Agricultura da SNA.

“Estamos perdendo a capacidade competitiva, por causa dos problemas de logística, transporte, armazenamento, processamento e comercialização”, alertou Paolinelli.

Ele ainda lembrou que “desde o primeiro plano econômico, em 1986, o Brasil parou de utilizar parte do Produto Interno Bruto (PIB), que era em torno de 8% a 10%, para os investimentos de infraestrutura”.

MANIFESTO

Durante o 1º GAF Talks, foi inevitável não tratar do atual cenário do agro brasileiro, após a Operação Carne Fraca, deflagrada no dia 17 de março, pela Polícia Federal.

“As entidades representativas do agronegócio, reunidas no GAF Talks, ratificam sua confiança no ministro Blairo Maggi (da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) para o restabelecimento da situação pré-crise”, destacou Cesário Ramalho, presidente do Conselho do Global Agribusiness Forum.

Na ocasião, ele leu o manifesto a todos que estavam presentes, que será enviado ao titular da pasta da Agricultura, em apoio à sua atuação após a Operação Carne Fraca, que continua com suas investigações. Maggi, inclusive, estava escalado para abrir o evento, mas teve de ficar em Brasília para cumprir agenda local, exatamente por causa dos últimos episódios envolvendo os setores de proteína animal do país.

“No papel de líder, o ministro tomou a dianteira. Com suas rápidas e certeiras ações, contribuiu de maneira decisiva para o esclarecimento da situação, estancando a crise”, disse o presidente do Conselho do GAF, em seu discurso.

Ramalho, que também é membro da Academia Nacional de Agricultura da SNA, elogiou a rápida atuação do governo federal para derrubar a suspensão à carne brasileira em alguns mercados mundiais. Ainda ressaltou que se tratava de um problema de corrupção e não de sanidade.

“Constatou-se, posteriormente, que não se tratava de uma investigação sobre fraude alimentar e, sim, sobre corrupção de alguns poucos agentes públicos”, reforçou.

BANALIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO SOBRE A CARNE

O ex-ministro Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e membro da Academia Nacional de Agricultura da SNA, que participou do painel “Sustentabilidade e competitividade na agricultura”, também criticou a banalização da informação, durante a Operação Carne Fraca.

“Nunca pensei que a banalização e a generalização da informação nos levassem a momentos como este”, criticou o executivo, que defendeu a sanidade e a qualidade da carne brasileira.

Em sua opinião, a desconfiança gerada em torno da carne brasileira precisará de um trabalho de reaproximação dos destinos: “Os prejuízos causados nos mercados interno e externo ainda estão sendo contabilizados, mas o impacto é profundo”.

PROBLEMA DE COMUNICAÇÃO

Para o ex-ministro Roberto Rodrigues, a Operação Carne Fraca reflete um problema histórico do agronegócio: a má comunicação do setor com a sociedade brasileira, a falta uma comunicação consistente.

“Gostaria de propor mostrar à sociedade rural e urbana que um grão de soja tem tanto investimento em tecnologia quanto um chip de celular ou de computador”, comparou. Ele também citou informações divulgadas, durante o evento, por Maurício Lopes, presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).

Segundo Rodrigues, “temos de mostrar a tecnologia gerada nas universidades e nas empresas de pesquisas públicas e privadas, e é isso que faz a diferença”.

Lopes, que foi moderador de um dos painéis do 1º GAF Talks, salientou que “a era da transparência radical, com todas as ferramentas tecnológicas, está aí”. “O desafio é pensar a comunicação para o agro, para o presente e para o futuro.”

Fonte: SNA

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