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Antibiótico, e não hormônio, é o maior risco em carnes e frangos

Publicado em 11/08/2014

Especialistas temem efeito de medicamentos usados na criação e propõem regulação

Nada menos do que 72% dos consumidores que compram carne de frango acreditam que há hormônios no produto, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O que muitos não sabem é que isso não passa de um mito, garantem governo e especialistas. Não há hormônios nesses alimentos. Na verdade, a grande preocupação hoje no consumo de carnes em geral é com o uso de antibióticos nos animais vivos. Uma avaliação que ganha força é que esses fármacos podem contribuir para o surgimento de bactérias e outros micro-organismos cada vez mais resistentes a remédios.

As autoridades sanitárias impõem restrições, tanto em relação aos produtos que podem ser utilizados, quanto ao período de carência entre a aplicação e o uso de alimentos oriundos desses chamados animais de fazenda. No entanto, especialistas alertam para a necessidade de se reduzir o volume de medicamentos, que vem crescendo em todo o mundo.

clique para ampliar>clique para ampliarEspecialistas alertam para a necessidade de se reduzir o volume de medicamentos, que vem crescendo em todo o mundo. (Foto: Divulgação)

“A resistência aos antibióticos está se desenvolvendo e se espalhando a uma velocidade que não pode ser contida (...) Se não forem tomadas medidas urgentes para reduzir o consumo global de antibióticos, podemos enfrentar um regresso a uma era na qual as infecções simples podem matar", alerta a ONG Consumers International, que congrega 240 organizações de defesa de consumidores, de 120 países.

IDEC VÊ FISCALIZAÇÃO INSUFICIENTE

Segundo o coordenador geral de inspeção do Ministério da Agricultura (Mapa), Luiz Marcelo Martins Araújo, é permanente a fiscalização da presença de resíduos e contaminantes dos alimentos, por meio da análise de amostras, para a verificação de substâncias proibidas ou em concentrações acima das permitidas. No caso de hormônios, frisou Araújo, a utilização dos produtos jamais foi permitida no Brasil.

— Embora permitido o seu uso, os antibióticos, quando administrados aos animais de produção, trazem consigo a obrigatoriedade de que seja cumprido um período durante o qual a substância é eliminada do organismo animal, possibilitando que o consumo dos produtos não carregue consigo essas substâncias — explicou o técnico.

A nutricionista do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Ana Paula Borboletto, concorda que a presença de resíduos é quase inexistente, com base em uma pesquisa feita pela própria instituição em frangos congelados há alguns anos. Porém, não é essa a preocupação do instituto.

— A questão não é a presença de resíduos. Apesar de sabermos que há normas específicas que permitem o uso de antibióticos em animais, sabemos que a fiscalização é insuficiente e nem sempre é garantido que o medicamento foi utilizado em quantidade adequada. Mesmo em quantidades mínimas, os antibióticos podem causar problema no futuro — disse a nutricionista.

Uma forma de melhorar esse cenário, avalia, seria a consolidação de um sistema de rastreabilidade dos alimentos. Ana Paula avalia que a cadeia produtiva não tem esse controle. Outro caminho, disse, seria o consumidor optar pela carne orgânica, livre de antibióticos. Só que o produto ainda é mais caro do que o convencional. Levantamento feito pelo GLOBO em um supermercado mostra que um frango da mesma marca pode ser até 18% mais caro por ser orgânico.

O zootecnista e especialista em nutrição animal da Universidade de Brasília (UnB) Sergio Lucio Salomon Cabral Filho reforçou que o risco não consiste na existência de resíduos de antibiótico nas carnes, mas no surgimento de bactérias mais resistentes nos animais e no consequente contato com o ser humano pelo consumo. Segundo ele, nos Estados Unidos, onde a maioria dos bovinos é criada em confinamento, o antibiótico é usado como promotor do crescimento em cerca de 60% dos casos.

No Brasil, observou, o índice de utilização dessas substâncias com o objetivo de promover o crescimento deve ficar perto de 80%. Mas há os casos de sua administração para prevenir e combater doenças. No caso dos frangos, o antibiótico é utilizado em quase toda a produção, tanto com objetivo terapêutico quanto de promover o crescimento, ao diminuir a população de patógenos no intestino das aves e melhorar a absorção de nutrientes. De acordo com o zootecnista, países como a Dinamarca proibiram o uso de antibióticos em animais com a finalidade de promover o crescimento.

— Hoje, os produtores trabalham com doses aceitáveis de antibióticos e os resíduos que ficam são em proporção aceitável para o consumo humano. Mas o problema é o surgimento de bactérias mais resistentes — disse Cabral Filho, que defendeu o desenvolvimento de políticas públicas no Brasil para o controle do uso dessas substâncias.

SEM HORMÔNIOS, AVES ABATIDAS COM 45 DIAS

Os dados da ABPA mostram que, de fato, embora 72% das pessoas acredite que há hormônios de crescimento nos frangos, continuam consumindo aves por considerar que são mais saudáveis que a carne vermelha, perdendo apenas para os peixes.

A ABPA tem promovido eventos com médicos e nutrólogos, para desfazer o mito sobre os hormônios e informar os profissionais de saúde. De acordo com o diretor de produção da associação, Ariel Antônio Mendes, existe melhoramento genético, na nutrição e no meio ambiente dos galpões, o que permite que as aves sejam abatidas com 45 dias.

O diretor executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Fernando Sampaio, disse que, no caso dos bovinos, o fato de o Brasil produzir com foco na exportação contribui para a preocupação com a qualidade.

METADE DOS ANTIBIÓTICOS QUE SÃO PRODUZIDOS NO MUNDO SÃO USADOS NA AGRICULTURA

Dados da ONG Consumers International (CI) mostram que cerca de metade desses medicamentos que são produzidos no mundo é usada na agricultura. A maioria deles tem o objetivo de estimular o crescimento mais rápido e prevenir — em vez de tratar — enfermidades.

Estudos que comparam as bactérias dos animais de granja que consomem antibióticos e as de criações orgânicas, em que não são usados esses produtos, comprovam que as primeiras são bem mais resistentes aos medicamento do que as do segundo caso. Esses micro-organismos podem ser transmitidos aos seres humanos através do consumo de comida contaminada, do contato direto com os animais ou por meio de uma transmissão ambiental, por exemplo, da água ou do solo.

A resistência bacteriana aos antibióticos está em alta em todos os países. Estão incluídos micro-organismos patogênicos, ou seja, que causam doenças, ao serem ingeridos junto com alimentos contaminados, como as bactérias e-coli, Salmonella y la Campylobacter. Com esses causadores de doenças mais resistentes, aumentam as enfermidades graves.

A CI alerta que poucos países contam com sistemas para controlar o uso de antibióticos em animais. O estabelecimento de um marco regulatório para a autorização e controle de qualidade dos medicamentos é uma proposta defendida pela organização. Outra é a eliminação dos incentivos financeiros para os veterinários que receitam esses remédios.

Fonte : O Globo e Sanex.

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