Gargalos na exportação reduzem a competitividade

Para que o empresário brasileiro tenha sucesso nas exportações é preciso mais do que boa vontade e câmbio atrativo. O coordenador do Conselho Temático e Negócios Internacionais da Federação das Indústrias do Paraná, Paulo Roberto Pupo, fala sobre os gargalos enfrentados pelos empresários quando o assunto é exportação.

Como saída, é necessário um conjunto de ações e melhorias, principalmente nas questões burocráticas brasileiras que emperram e atrapalham a performance das empresas em exportar suas mercadorias.

Pupo fala sobre entraves, soluções, participação da iniciativa privada para alterar a realidade e a redução da competitividade por falta de acordos comerciais. Confira!

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- Atualmente, quais são os principais gargalos para exportação?

1.Falta de uma política clara de incentivo e de longo prazo do país para a internacionalização das indústrias;

2. Inexistência de acordos comerciais e bilaterais de real impacto entre o Brasil e os principais mercados mundiais para a competitividade de nossa indústria;

3. A insegurança jurídica do país, que prejudica as relações comerciais internacionais e a atração de investimentos estrangeiros e, consequentemente, deixa mais distantes nosso parque fabril do resto do mundo;

4. O alto custo-Brasil atrelado a questões como energia elétrica, logística, tributos e corte de incentivos fiscais, reduzindo a competitividade da indústria nacional frente aos competidores internacionais;

5. A atual crise política, econômica e moral, afetando a credibilidade internacional da marca Brasil, que reflete diretamente no desempenho do produto brasileiro no mercado mundial.

Quem tem o poder de resolver esses gargalos?

É necessário um conjunto de ações de todos os envolvidos no processo, mas certamente está nas mãos do governo a tarefa principal de resolver as questões básicas, pois cabe a ele assumir o papel de protagonista dos rumos da economia e de viabilizar a infraestrutura mínima necessária para o correto escoamento dos produtos brasileiros destinados à exportação. 

Qual é o peso da participação da iniciativa privada para propor soluções e pôr fim nos entraves?

É um peso fundamental na inteligência comercial e na prospecção de novos mercados e produtos.

A iniciativa privada, por diversas vezes, já apresentou ao Governo as medidas necessárias e cabíveis para a retomada do crescimento e competividade externa da indústria nacional e, obviamente, tem o dever de cobrar essas medidas para que tenhamos melhores condições para disputar lugar no mercado mundial.

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Que tipo de ações essas entidades têm feito para colaborar?

Esse trabalho é árduo e constante, e passa pelas atividades das federações e associações setoriais, que muitas vezes, têm assumido parte do papel que deveria ser da Nação, como o de promover os produtos brasileiros em missões internacionais, de receber comitivas estrangeiras que buscam oportunidades de negócios com os empresários locais e pensar em estratégias para alavancar a economia e a participação nacional no comércio internacional.

Certamente os gargalos atrapalham a competitividade. Como empresário, como avalia os prejuízos?

Em se tratando de acordo comerciais internacionais, alguns estudos da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) mostram, por exemplo, que a assinatura da Parceria Transatlântica entre Estados Unidos e União Europeia geraria um impacto bastante negativo para a economia brasileira. 14 dos 21 principais setores industriais perderiam até 3% da produção, na hipótese das duas economias zerarem suas tarifas e reduzirem pela metade as barreiras não-tarifárias existentes entre si. Nesse mesmo cenário, o Brasil veria suas exportações caírem 5%.

Além disso, a falta de acordos preferenciais e o alto custo-Brasil reduzem o acesso à tecnologia e inovação, prejudicando ainda mais a competitividade nacional

O que mais pesa para o empresário?

Certamente a ineficiência de nossa infraestrutura e serviços portuários onerosos em relação aos nossos principais países competidores nos deixam expostos às nuances comerciais. Estamos perdendo terreno internacional de forma constante. Os números da balança comercial mostram claramente isso. Somos competitivos em exportar commodities, mas ainda muito frágeis nos índices de exportação de produtos manufaturados.

Além dos gargalos, quais outros pontos dificultam a vida do empresário que exporta?

O Governo brasileiro está mostrando nos últimos anos uma capacidade incrível de ‘desindustrializar’ as nossas empresas. Escolhas erradas de modelo econômico, a falta de política de incentivos fiscais e financeiro para custeio da operação industrial nacional, somadas ao alto custo produtivo e leis trabalhistas arcaicas, acesso ao crédito de forma seletiva e muita cara, nos deixam à margem do mundo comercial moderno. Essa é infelizmente uma triste realidade.

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