clique para ampliarclique para ampliar (Foto: Instagram Pink Farms)

Já pensou cultivar hortaliças dentro de galpões na área urbana? A primeira fazenda vertical urbana e comercial da América Latina, com cerca de 200 metros quadrados de área produtiva, está em São Paulo, a poucos metros da Marginal Tietê.

A safra de hortaliças está em uma estrutura com oito níveis e 7 metros de altura. As plantas são cultivadas em um ambiente totalmente controlado, fechado, e alimentadas por luzes de LED azul e rosa, que simulam a luz do sol e aceleram a fotossíntese. Além disso, em cada nível as plantas são tratadas com tudo o que precisam para a fase de desenvolvimento. Água e adubo são fornecidos em doses exatas e os agrotóxicos são dispensados nesse sistema. O negócio hi-tech se enquadra, com algumas adaptações, ao sistema hidropônico.

Para evitar a contaminação das plantas, os visitantes e colaboradores precisam tomar alguns cuidados. Ao entrarem no local, por exemplo, precisam vestir toucas, máscaras, botas ou protetores de calçados. A produção, que é 100% orgânica, entra na fazenda em forma de semente e sai embalada, pronta para consumo, sem necessidade de lavagem. O material também não recebe quase nenhum contato humano.

O engenheiro de produção Geraldo Maia, um dos criadores do negócio, resume a estrutura atual como sendo “oito hortas de chão, uma em cada nível, e muito mais produtivas, porque nesse método conseguimos explorar todo o potencial da planta”.

Evolução do projeto

O negócio – batizado de Pink Farms, por causa das cores predominantes – foi criado por três jovens empreendedores: Geraldo Maia, de 28 anos, engenheiro de produção, e os gêmeos Mateus e Rafael Delalibera, de 30, ambos formados em Engenharia Elétrica. O trio  passou ao menos três anos pesquisando e testando o modelo e, quando encontraram a fórmula ideal, ainda tiveram de vencer a burocracia, devido ao ineditismo do negócio.

“A gente teve de passar por um longo processo para ter uma empresa de agricultura dentro de São Paulo. A cidade não previa que haveria um CNPJ puramente agrícola e de sociedade anônima, por isso pedimos um novo enquadramento de atividade e passamos por várias áreas. Demorou um ano na prefeitura”, contou Mateus à Revista Globo Rural. “Abrimos o caminho. Agora, qualquer empresa que quiser fazer isso aqui já está aprovada”, complementa Mateus.

A ideia de criar o negócio nasceu em 2016, após uma curta passagem por startups. O trio tinha em comum a vontade de ter a sua própria empresa de inovação, mas numa área diferente e pouco explorada no Brasil. “Discutimos o que poderíamos fazer. Percebemos que aqui os negócios estão muito focados em serviços, e-commerce e marketplace. Já a parte de novas tecnologias, o desenvolvimento de novos processos, produtos, coisas físicas, não são muito fortes, e era o que mais nos interessava fazer”, conta Rafael.

Mateus foi quem teve a ideia de entrar no mundo das agtechs, as startups do agro, após realizar uma pesquisa sobre a “open agriculture”, uma espécie de comunidade internacional que busca acelerar a inovação agrícola digital, com tecnologia e sustentabilidade, e promove a experimentação, educação e compartilhamento em rede. “Achamos muito interessante e juntava com a parte que nós três tínhamos contato, que era o meio agropecuário”, diz Rafael. Os irmãos Delalibera são netos de produtor rural e Geraldo tem primo e tio ligados ao setor.

Durante as pesquisas iniciais os três conheceram o método de produção agrícola indoor, em ambiente controlado, no Japão e no início de 2017, então decidiram investir R$ 100 mil para montar uma fazenda vertical piloto, de 20 metros quadrados. O primeiro ambiente foi montado em uma sala alugada em Jundiaí (SP) e lá fizeram uma espécie de laboratório. O local foi, também, o ponto de partida para pensar em alavancar a produção em escala comercial. Mas os painéis de LED precisariam ser importados e custariam de R$ 4 mil a R$ 4,5 mil o metro quadrado, o que inviabilizaria o negócio.

Ao estudarem mais a tecnologia, descobriram que o imposto para a importação das luminárias era muito maior em relação ao da importação dos LEDs em componentes fragmentados. “Assim conseguimos construir o projeto especificamente para nosso uso, utilizando o conhecimento que tínhamos. Ganhamos eficiência e cortamos intermediários”, comentou Rafael à Revista Globo Rural. Com essa nova estratégia, o valor da primeira versão do sistema caiu para R$ 550 o metro quadrado.

Nesta primeira estrutura vários testes foram feitos e os engenheiros chegaram à fórmula perfeita. As alfaces produzidas no ambiente controlado finalizaram o ciclo entre 35 e 40 dias, da fase inicial à colheita, considerando o plantio de mudas pequenas. No campo, segundo pesquisa feita pelos empreendedores, o tempo é superior, varia de 55 a 70 dias. “Estamos falando de 11 a 12 ciclos (safras) por ano, comparado a seis, sete a céu aberto”, diz Rafael.

Depois da validação tecnológica, os empreendedores buscaram investidores. O valor levantado, R$ 2 milhões de dois fundos de capital de risco, viabilizou a construção da fazenda vertical em São Paulo, que nesta primeira fase prevê colher 135 toneladas de hortaliças, e fez crescer a equipe. Hoje, dez pessoas trabalham na Pink Farms, incluindo um agrônomo. A primeira safra, colhida em maio, foi de microgreens, miniplantas usadas em decoração de pratos e receitas, e está sendo vendida em alguns empórios.

Com informações da Revista Globo Rural.

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