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O excesso de burocracia, a ineficiência do serviço de fiscalização sanitária e o grande desperdício em todas as etapas de produção, industrialização e distribuição são alguns dos principais desafios que a indústria de alimentos tem pela frente e precisa superar para se desenvolver e melhorar sua competitividade.  A afirmação é de Roberto Pecoits, coordenador do Conselho Setorial da Indústria de Alimentos da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), que abriu no dia 31 de novembro o Encontro Paranaense da Indústria de Alimentos, promovido pela Fiep.

O grande desperdício no setor foi debatido com números. De acordo com dados da Fundação das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), em todo o mundo o desperdício de alimentos nas diversas etapas do processo de produção, transporte, industrialização, distribuição e armazenagem é de 1,3 bilhão de toneladas por ano, o que seria suficiente para alimentar 800 milhões de pessoas.

"Vamos aproveitar a troca de governo para apresentar sugestões que simplifiquem e melhorem a fiscalização e reduzam o desperdício no setor", informou Pecoits. "Para exportar, por exemplo, são exigidas 40 licenças, o que significa que há uma sobreposição, com mais de um órgão fazendo a mesma coisa e exercendo a mesma fiscalização", observa. Segundo o coordenador, a duplicidade de órgãos fazendo a fiscalização e o enorme emaranhado de normas e leis não impediu problemas graves, como os denunciados pela Operação Carne Fraca.

O Encontro teve ainda parceria com 16 sindicatos industriais do setor com patrocínio do Sesi no Paraná e a Indemil, além de apoio da Balas de Antonina, do International Features Standarts (IFS) e Ovos Gralha Azul.

Crescente demanda por alimentos

Os 16 presidentes de sindicatos industriais do setor de alimentos presentes no Encontro receberam a Rota Estratégica da Indústria Agroalimentar 2031, um estudo elaborado pelo Observatório Sistema Fiep com a participação de representantes de empresas, governo, meio acadêmico e terceiro setor. A publicação relata as principais visões de futuro para o segmento em um cenário de priorizações a serem realizadas.

O estudo contextualiza a necessidade de o setor investir em gestão, pesquisa, inovação, novas tecnologias e marketing para responder ao desafio de atender à crescente demanda por alimentos. "Até 2050 haverá um aumento de 35% na população mundial e a previsão é que a necessidade de nutrição para alimentar essas pessoas cresça 50% já que a tendência é haver também uma melhoria do acesso da população aos alimentos", disse Ariane Hinça Schneider, coordenadora técnica do Observatório Sistema Fiep. Além disso, segundo ela, haverá um significativo aumento da população idosa que vai demandar uma alimentação diferenciada.

De acordo com o estudo, em pouco tempo deve haver um esgotamento das áreas agricultáveis e os recursos naturais não darão conta de atender a esta crescente demanda por alimentos. Para isso, é necessário reduzir o desperdício e é nesta linha que surge o conceito de economia circular, onde em cada etapa se pensa na reutilização dos recursos e não se tem mais resíduos, mas sim subprodutos. Tudo é aproveitado. Dentro deste conceito, os alimentos com pequenos defeitos que não têm um bom aspecto visual têm lugar garantido, bem como as embalagens, todas sendo aproveitadas, algumas, inclusive, sendo comestíveis. Entram também nesta tendência alimentos sendo produzidos por meio da nanotecnologia e até através de impressoras 3D. Para resolver o esgotamento das áreas agricultáveis já há experiências em alguns países de fazendas urbanas, com prédios inteiros construídos para a produção de alimentos.

A preocupação com a procedência dos alimentos e com o sistema de criação que preserve o bem-estar animal é também cada vez mais presente no comportamento do consumidor e será determinante na decisão de compra no futuro. Além disso, o estudo aponta também uma crescente demanda por alimentos funcionais e alimentos para fins especiais, alimentos orgânicos e personalizados. "São muitos desafios, mas também muitas oportunidades que as indústrias do setor têm pela frente", destaca Ariane Hinça.

Para conferir o documento completo da Rota Estratégica para o Futuro da Indústria Paranaense - Agroalimentar 2031 acesse:  https://www.fiepr.org.br/boletins-setoriais/1/especial/boletins-setoriais/1/especial/boletins-setoriais/1/especial/boletins-setoriais/1/especial/boletins-setoriais/1/especial/boletins-setoriais/1/especial/boletins-setoriais/1/especial/observatorios/uploadAddress/Roadmap-Agroalimentar[84131].pdf