clique para ampliarclique para ampliar (Foto: Adobe Stock)

Levantamento realizado pelo Datafolha revelou que a maior parte dos brasileiros (78%), com certeza ou provavelmente, reduziria o consumo de refrigerantes e sucos de caixinha se houvesse alertas de excesso de açúcar nos rótulos. A pesquisa, que foi contratada pela ONG ACT Promoção da Saúde e entrevistou 2.060 pessoas, também constatou que para 79% dos entrevistados os preços mais altos de bebidas açucaradas também induziriam à redução do consumo.

Recentemente, a Anvisa aprovou mudanças na rotulagem de alimentos, fazendo com que o modelo seja semelhante ao que é defendido pela Organização Pan-americana de Saúde (Opas). Esse modelo exige indicações de altos teores de açúcar, sódio e gorduras saturadas, e o desenho de uma lupa.  A mudança visa auxiliar os consumidores a melhorar a alimentação e, dessa forma, ajudar no combate à obesidade no País – que atinge quase 18,9% da população adulta.

Em relação ao impacto que a nova rotulagem causará, a indústria alimentícia tem se posicionado contra o modelo e pressionado a Anvisa para a adoção de rotulagem baseada em "semáforos nutricionais". Para o setor, os modelos de advertência subestimariam o poder de decisão do consumidor.

João Dornellas, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), em artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo, defendeu que o modelo de advertências não traz informações suficientes para auxiliar o consumidor a avaliar e comparar os alimentos de acordo com suas necessidades pessoais e familiares. “O que contribui para uma dieta equilibrada é a informação”, disse.

Porém, pesquisas mostram que alimentos ultraprocessados – refrigerantes, salgadinhos de pacote e alimentos prontos congelados – têm relação direta com ganho de peso.

Em entrevista à Folha Press, Paula Johns, diretora-geral da ACT, afirma que, se “tem dezenas de nomes para açúcar e o leigo não sabe reconhecer o que é açúcar, é porque não está escrito açúcar. Isso é proposital, gera confusão. Por isso, é uma demanda o consumidor ter clareza se um produto tem excesso de algum nutriente crítico, como açúcar, sódio, gordura. Todas as pesquisas que já fizemos sobre rótulo demonstram que a grande maioria das pessoas não sabe de fato ler o rótulo”, afirma.

Preços mais altos

Um estudo publicado em 2018 na revista científica Lancet analisou dados de 13 países quanto aos efeitos de impostos sobre doenças crônicas não transmissíveis, como problemas cardiovasculares e diabetes. A conclusão da pesquisa foi de que sobretaxar alimentos não saudáveis, bebidas açucaradas e alcoólicas e tabaco podem resultar em benefícios para a população. Segundo a pesquisa Datafolha, 61% dos brasileiros são a favor de aumentar a tributação sobre bebidas não saudáveis.

Johns, considerando as pesquisas feitas sobre o assunto, como as do Datafolha, defende que a conscientização sobre alimentos não saudáveis tem aumentado. “A aceitação é muito grande para políticas regulatórias que vão modificar o ambiente e ajudar a fazer escolhas melhores. Não dá para colocar só nas costas do indivíduo a questão da escolha melhor quando ele está em um ambiente totalmente desfavorável ou inviável de optar por uma boa alternativa”.

Com informações do site ES Hoje.

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