Mudanças no governo dos EUA devem ampliar mercado para indústrias brasileiras
Representante do consulado norte-americano, especialista em investimentos, afirmou também que políticas de vistos relacionadas
a investimentos no país não deve sofrer modificações significativas
clique para ampliarSegundo Leal, as perspectivas são positivas
para o Brasil com o governo Trump (Foto: Gelson Bampi / Agência Fiep)
As oportunidades comerciais para as indústrias brasileiras nos Estados Unidos devem se ampliar durante o governo
do republicano Donald Trump, que assumiu o país em janeiro deste ano. O presidente que substituiu o democrata Barack
Obama endureceu o tom ao tratar da política imigratória, mas as decisões polêmicas que tem tomado
não devem afetar as relações comerciais com o Brasil e nem a concessão de vistos ligados a investimentos
de empresas estrangeiras.
A expectativa dos analistas, aliás, é justamente do contrário, ou
seja, da ampliação das possibilidades comerciais, conforme afirmou André Leal, especialista
em investimentos e representante do consulado norte-americano que participou da reunião do Conselho Temático
de Negócios Internacionais, na Fiep, realizada no dia 8 de fevereiro. Ele explicou que entre os objetivos principais
do novo governo está a abertura de postos de trabalho, o que deve reduzir empecilhos ao recebimento de investimentos.
Para o especialista, a mudança de governo não deve trazer reflexos negativos ao ambiente de negócios.
Ele ressalta ainda que algumas possibilidades comerciais, como o estabelecimento de bases comerciais no país - ainda
que seja um escritório virtual - e as exportações a partir de solo americano para usufruir dos benefícios
trazidos pelos acordos comerciais, por exemplo, podem se ampliar. "Gostaria de acalmar os senhores. Não mudem os projetos
de internacionalização de suas empresas em função da mudança do governo”, salientou.
Leal reforçou que a economia norte-americana tem muita força e oferece muitas
oportunidades, sobretudo para aquelas empresas que realizarem um bom planejamento e buscarem a excelência. Para o representante,
é essencial investir em serviços. "Muitas empresas têm um produto competitivo, mas acabam não tendo
sucesso por falhar na prestação de serviços, que é muito valorizada pelos clientes americanos",
explicou.
Leal também informou que a internacionalização não é
restrita a grandes empresas e que médias e pequenas empresas também podem ter um espaço interessante.
Ele adiantou ainda que o novo governo já está discutindo questões específicas relacionadas a empresas
startups e de desenvolvimento de tecnologia, cujas parcerias interessam ao governo norte americano.
Em relação aos setores, o especialista destacou a participar das
empresas de Tecnologia da Informação no solo americano, sobretudo as de desenvolvimento de softwares,
em especial aquelas que atuam no segmento B2B. “Um quarto das empresas brasileiras que fazem sucesso nos Estados Unidos
são do setor de TI”, disse. Outras áreas que têm encontrado espaço e vêm crescendo
no país, segundo Leal, são: metalmecânico, agronegócios, indústria farmacêutica
e construção civil.
Outra dica dada pelo especialista é que as indústrias interessadas na
internacionalização busquem regionalizar seu mercado nos Estados Unidos, levando em conta o seu público
desejado, fornecedores, parceiros comerciais e logística. "É preciso determinar qual mercado você deseja
atingir inicialmente, o que pode ser de uma cidade ou região e, a partir daí, expandir para o condado, para
o Estado, o país e até o exterior, via solo americano", completou. "Somente o fato de você ter operação
nos Estados Unidos ou na Europa ajuda a abrir portas em outros mercados e pode ser uma estratégia interessante", disse.
Paulo Pupo, vice-presidente da Fiep e coordenador do Conselho Temático
de Negócios Internacionais, avaliou o encontro como positivo. Ele ponderou, no entanto, algumas dúvidas dos
industriais quanto à política do governo Trump, especialmente ao que se refere à política
cambial, às taxações e aos acordos comerciais com outros países. “Precisamos ficar muito
atentos em relação aos próximos anúncios que serão decisivos”, comentou. Pupo acrescentou
que há uma grande expectativa para a formalização de um acordo bilateral entre o Brasil e os Estados
Unidos, que já vem sendo discutido.
Durante o encontro, o superintende corporativo da Fiep, Reinaldo Tockus, destacou
a importância de as indústrias paranaenses contarem com o apoio do Centro Internacional de Negócios (CIN)
da Fiep. A instituição oferece informações essenciais como estudos de Inteligência
de Mercado e a preparação das empresas para a internacionalização, além de promover missões,
prospecção de clientes e rodadas de negócios setoriais que colocam em contato as empresas
com clientes e fornecedores.
Desta forma, as empresas podem analisar e se preparar para atender as expectativas de mercado,
evitando prejuízos e usando estratégias adequadas à sua expansão. "O CIN oferece ferramentas essenciais
como capacitações e auxilia as indústrias na elaboração de suas estratégias
de mercado, como uma forma de passar a atuar já estruturada e com foco definidos. É um serviço oferecido
pela Fiep que está à disposição de todos", ressaltou.
Com informações da Agência Fiep